sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Em um trabalho da faculdade, tive a oportunidade de ouvir Helena Barone. Ela é uma jornalista que ama inventar e reformar.


A Transição Profissional de Helena Barone


A jornalista que ama reinventar não mostra receios com relação a extremas mudanças em sua carreira profissional

Sabrina Assumpção

“Quando agente acha que sabe tudo, na verdade, não sabemos nada”. A frase anterior foi dita por Helena Barone. Jornalista há mais de 10 anos, ela se mostra uma mulher autêntica, e principalmente sem medo de mudanças. Procurando sempre se renovar, Helena já fez praticamente, quase de tudo na vida. Chegou a vender cachorro-quente, trabalhar em fábrica de laticínios e ganhou muito dinheiro digitando. Tudo, mesmo sabendo desde época de escola que sua maior vocação era para o mundo jornalístico.

Sempre com bom ânimo e a procura de sua independência, Helena mostra a ausência de medo ao falar como sempre se arriscou ao transitar para novas atividades – “Não se pode perder a oportunidade de sempre mostrar serviço”. Ela veio de uma família com oito irmãos, por isso, exerceu tantos ofícios. Helena, trabalhou por quase 12 anos como editora de jornalismo na TV Alterosa. Até com cargo tão confortável para muitos, ela procurou estar sempre se renovando – “Hoje em dia, dá para fazer de tudo, inventar mil coisas”.

Sua vida particular também esteve em constante mutação. Helena é casada e tem uma filha de quatro anos. Ela estava insatisfeita com o tumulto e correria em sua vida por causa de sua carreira jornalística. Com conselhos de seu marido, Helena conseguiu enxergar que mudanças haviam de ser feitas, pois, o desgasto em sua vida pessoal estava cada dia aumentando. Mais uma vez, Helena optou por mudanças em sua carreira como, por exemplo, a criação do programa Vrum na TV Alterosa, do qual passou a ter mais tempo livre nos finais de semana.

Após ter tomado uma de suas decisões mais difíceis na vida: deixar de trabalhar na TV Alterosa. Na época em que estava grávida Helena Barone se dedicou a estudar para um concurso público e assumir um trabalho que nunca havia feito antes na Assembleia Legislativa. Depois de ter passado no concurso, hoje, Helena não esconde a satisfação que tem ao ter optado por tantas mutações profissionais – “Voltei a sonhar, às vezes sonho em voltar atrás para reinventar algo novo num espaço novo”.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Você sabia que no Shopping Del Rey, em Belo Horizonte, tem uma capela? Pois é, fui com meu amigo Diogo Leão para conferir de perto e descobrimos que o shopping é o único da América Latina que tem uma capela em seu interior. Olha só!


Compras, lazer e fé

Um shopping center que uma capela

Diogo Leão e Sabrina Assumpção

Correria para alcançar novas promoções. Lojas e mais lojas. Espaços vazios prontos para receber novos enfeites. Este é o clima pré-natal. Um local também ideal para marcar encontros, rever amigos e paquerar. No Shopping Del Rey, também é possível encontrar cinema, serviços de lazer como jogos e até mesmo salão de beleza. Enfim, um lugar bem diversificado. Frequentado por diversas classes de pessoas que procuram os mais diversos serviços, na maioria, relacionados ao comércio e ao entretenimento.

Mas, no primeiro andar de um de seus incontáveis corredores que podemos encontrar a Capela São Judas Tadeu. No meio de tanta correria, dentro da capela cerca de 30 pessoas participam da missa celebrada pelo Pe. Valdemir Sérgio da Silva, capelão.

“Às vezes no corre-corre com a família e as diversas atividades, as pessoas não tem nem tempo para irem à igreja. Levando também em consideração que muitas vezes as igrejas estão fechadas. Sendo assim, a capela aqui”, explica o Pe. Valdemir. “O falecido dono do Shopping, Arthur Sendas, perguntou para a sua amiga, Maria Ângela Nicolleti, fundadora da Comunidade de Evangelização Nova Aliança, o que ela gostaria de fazer por parte dela no Shopping. A resposta foi uma capela”. Conta a coordenadora da capela Isa Maria Pereira.

“Visito a capela todos os dias em horário de almoço. É muito bom que tenha uma capela em meu local de trabalho. Muito bom, já que, shopping é um lugar que presume o consumo, porém ali também há pessoas que param para orar”, fala o vendedor André Silva. Diferentemente de outros visitantes, a zeladora Maria Tereza mora nas proximidades do shopping, e há nove anos frequenta a capela – “é fantástico! A pessoa vem para distrair e distrai com Jesus”.

Na opinião dos jovens Carlos Alberto, 21 anos e Isabelle Gonçalves, 19 anos, “O Shopping é lugar de descontração, não passa pela cabeça de uma pessoa que exista um lugar como esses por aqui”, se referindo a capela. “Pessoas saem de casa e vem para cá para se divertirem”, continuam. Já Marcelo Freitas, 34 anos, afirma – “não é interessante. Capela não é o tipo de serviço que combine com um shopping”.

No dia 28 de outubro, às 20h, será celebrada uma missa em comemoração pelos 19 anos do Shopping Del Rey, em homenagem ao padroeiro São Judas Tadeu. A celebração eucarística será presidida pelo Padre Júlio César, concelebrada com o Pe. Valdemir.

A capela está aberta de segunda à sexta, das 10 à 19 h e nos sábados até às 17 h. Nas sextas-feiras e nos dias 28 de cada mês tem missa às 18 h. Nas quintas-feiras tem exposição do Santíssimo Sacramento. Cada dia, 9 zeladoras se turnam na capela, tanto para zelar pelo lugar quanto para atender as pessoas que ali entram. Toda a organização está a cargo da Comunidade de Evangelização Nova Aliança e a manutenção a cargo da própria administração do Shopping.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

O marketing político pelas redes sociais

Desde que surgiram, as redes sociais têm causado grandes transformações no comportamento da sociedade moderna. Estudiosos tentam entender as diversas atitudes de uma população que expõe cada vez mais sua opinião sem nenhum receio ou restrição. Nesse âmbito, em época de eleições, políticos tentam usar ferramentas populares cibernéticas em seu favor, para promover um verdadeiro marketing político.

Navegando na internet, encontrei milhares de vídeos produzidos, e às vezes postados pelos próprios candidatos políticos conhecidos somente na rede. Os fatores para esse tipo de apelação aos sites de relacionamentos sociais devem-se a diversos fatores. A ausência de oportunidades nos horários eleitorais transmitidos pela televisão ou falta de recursos financeiros para uma grande produção – já que, a internet é uma área livre e muitas vezes, gratuita – podem ser um dos motivos que leve muitos candidatos restringirem suas campanhas às redes sociais.

Por outro lado, candidatos que têm seu horário eleitoral garantido na TV, posam de interessados e preocupados com a sociedade ao criarem um perfil no Twitter, por exemplo. A ferramenta possibilita a comunicação direta do candidato – ou, muitas das vezes um assessor – com seus eleitores. Essa verdadeira, ou não, proximidade, gera uma sensação de que o candidato se importa e está ciente das necessidades da população, atitude que pode reder muitos votos ao mesmo.

Por isso, tem sido comum a contratação de marqueteiros políticos e analistas de redes sociais que tenham experiência em usar as novas, ou antigas, mídias com o objetivo de se obter uma vitória eleitoral. Cursos para a especialização desses tipos de profissionais têm sido comuns desde a vitória do eleito presidente dos Estados Unidos Barack Obama, que desde sua campanha já possuía uma conta no Twitter.

Assim, nas campanhas eleitorais fica comum a formação da “imagem perfeita” sobre um determinado candidato. As redes sociais também possibilitam o alcance de distintos grupos sociais de acordo com cada ferramenta. Desse jeito, podem ser liberadas propagandas que alimente o que cada círculo social espere de um determinado candidato.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Conquista Ingrata

Com o sentimento de que poderia mudar o mundo, acordei no último domingo pensando se estava certa de minha decisão, ou, indecisão. A campanha eleitoral não tinha sido muito produtiva, pelo menos pra mim. Por quase três meses, mais ouvi candidatos se alfinetando, e jornais escarafunchando suas vidas privadas com designo de encontrar escândalos dignos de primeira página.

Votar em candidatos mal pretensiosos poderia resultar em um desastre maior ainda do que o já atual quadro político brasileiro. Mas, sem querer perder o direito de cidadã, antes de sair de casa, certifiquei-me de que estava com o número de todos os seis candidatos dos quais iria votar.

O calor escaldante, a dificuldade para estacionar o carro, a fila gigantesca de minha seção tudo estava me incomodando naquele momento. Mas, pensando nas lutas pelos direitos civis que meus antepassados sacrificaram suas próprias vidas para conquistar, tentei não ofendê-los ao máximo. Tentei segurar minhas reclamações pela situação desagradável em que me encontrava e por ter tido que abandonar minha cama mais cedo naquele domingo.

Após finalmente ter conseguido sair da cabine de votação, passei o resto do dia pensando a respeito do que poderia acontecer se determinados candidatos ganhassem aquela eleição. “Pelo pouco tempo que o Brasil teve pra analisar a situação do país e relacioná-la às propostas de cada candidato, talvez seja melhor haver um segundo turno”, pensei.

Horas mais tarde, minha reflexão se tornou realidade. Mais 30 dias para enfrentar novamente o calor (ou a chuva), trânsito, fila... Mas, quer saber? Talvez o problema esteja conosco, eleitores, que perdemos tempo demais reclamando. Quem sabe agora, uma segunda chance para refletir mais, pensar mais. Talvez, daqui a 30 dias eu acorde não apenas disposta a mudar o mundo, mas com a certeza dessa mudança não apenas pelo meu voto, mas de mim, como eleitora grata.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010


Trago a vocês mais uma pauta que produzi. Quem costuma a se deslocar diariamente de carro, depara-se todos os dias com os flanelinhas. Odiamos-os? Sim. Achamos que são folgados? Sim. Mas, alguém já parou pra pensar sobre a realidade deles? Muitos sustentam suas famílias com este ofício tão odiado pela maioria dos motoristas.



A Realidade dos Flanelinhas




Ao estacionar seu carro em via pública, seja no centro da cidade ou em qualquer outro lugar mais movimentado, lá estão eles para auxiliá-lo. Os tomadores de conta, ou popularmente flanelinhas, trabalham como autônomos. Oferecem atividades como lavagem e localização de vagas para carros a fim de ganhar um trocado por esse tipo de serviço. Eles ficam na rua cotidianamente, sob sois escaldantes, e correm risco de vida durante noites desérticas, tudo, com o objetivo de receber um trocado.
“Tem gente que não reconhece meu trabalho, mas daqui que tiro meu sustento”, diz Paulo Cézar, que há oito anos trabalha como flanelinha no mesmo local. Na pracinha onde fica, mostra o que sobrou do escritório improvisado que havia montado. Parte foi varrida pela prefeitura, e queimada por outros flanelinhas que tentaram se estabelecer em seu local de trabalho. Lá, ao mesmo tempo em que escreve poesias, Paulo toma conta dos carros estacionados e faz amizade com todos que passam pela região. “A polícia daqui me dá a maior força”, fala sobre o apoio que recebe.
Segundo Paulo, a profissão é bem arriscada. Quando vê pessoas suspeitas se aproximando dos carros, ele dá um jeito de conversar, para saber de suas intenções. Mas, dependendo da situação, às vezes, liga pra polícia. “Em 2004, colocaram um revólver na minha cabeça e levaram o carro”, conta Paulo sobre incidente em que quase perdeu a vida. Mas, feliz, conta que gosta do que faz — “o pessoal daqui me trata como uma família”.
A respeito do dinheiro que arrecada, Paulo conta que não pede nada, e que cabe ao dono do carro reconhecer seu serviço e avaliá-lo — “Tem uns flanelinhas que exigem, e não é por ai, a rua é pública e dá dinheiro quem quer. Já cheguei a receber R$ 100 em época de Natal”. A colocação de cones em vias públicas é outro item polêmico no trabalho dos flanelinhas. Paulo diz que só coloca cones na rua quando é para guardar vagas para deficientes. Além disso, ele ajuda as pessoas a carregarem compras como uma espécie de serviço auxiliar ao que já faz na rua.





Legalização da atividade


Em agosto deste ano, a Prefeitura de Belo Horizonte regulamentou a atividade de lavador e guardador de carro. O reconhecimento por lei federal e municipal dessas atividades ilegaliza a atividade de flanelinha em logradouro público, sujeitanto-o à fiscalização e à aplicação de sanções. A lei já existia, mas só neste ano o código de postura se tornou expresso.
A prefeitura tem acompanhado o cumprimento da lei. O guardador ou lavador de carro deve usar jaleco e crachá registrado no SINTRALAMAC (Sindicato dos Trabalhadores, Lavadores, Guardadores, Manobristas, e Operadores de Automóveis em Estacionamentos Particulares e Lava jatos do Estado de Minas Gerais). Para o melhor cumprimento da lei, a Polícia Militar também tem acompanhado na verificação da atividade.
Ao guardadores de carro é proibida delimitação de vagas com cones nas ruas. A população pode recorrer à denuncia caso isso venha ocorrer, e o trabalhador pode chegar a perder sua licença dependendo do caso.





Regulamentado

Lúcio Lourenço, 38, é registrado como guardador de carro há oito anos. Com um molho de chaves pendurado na calça, expõe a confiança que seus clientes têm. Quando preciso, aplica rotativos nos carros que ficam sob sua responsabilidade.
Há três anos, o irmão de Lúcio, Edson Castor, 30, após sofrer um acidente se cadastrou na atividade. É pai de duas filhas e não viu alternativa como trabalho. “Nem todo mundo dá dinheiro, mas sobrevivo disso aqui”, afirma Edson.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Trago à vocês uma matéria que fiz com minha parceira Nayara Carmo no Leuceminas. É uma casa de apoio, não-governamental que faz tratamento de pacientes com leucemia.


Leucemia e o Preconceito

Mesmo com o reconhecimento da cura e a não infecção por contato físico, a doença ainda gera preconceito na sociedade


“O preconceito ainda existe, só está disfarçado”, afirma Luciana Matozinhos, 36. Ela é filha de Antônio Matozinhos, fundador da Casa Leuceminas no bairro Caiçara em Belo Horizonte. Ele fundou a casa de apoio logo após descobrir que a filha era portadora de leucemia. Hoje, Luciana está curada, grávida, e é auxiliadora na casa que ajuda mais de 300 portadores da doença por ano.

Luciana detalha como o preconceito é vigente na sociedade “quando vou ao médico e digo que já fui leucêmica, eles já me olham de maneira estranha e parecem nem acreditar que estou curada”.

Ela conta como a falta de informação agrava o preconceito na sociedade. Muitas pessoas acham que a doença é transmissível apenas pelo contato físico. “Algumas pessoas chegam aqui e têm receio de beber um copo de água ou comer da mesma comida que os demais”, diz Luciana.

Ela também fala como o preconceito se faz mais presente nas classes média e alta. Algo estranho, já que são classes que têm maior acesso à educação e informação.

“A classe baixa parece mais preparada para enfrentar o problema, ela se comove e sente o que está acontecendo”, diz Luciana.

Ela acentua que esse quadro muda apenas quando surgem doentes nas famílias de classe alta, “só assim é que os ricos passam a se importar mais com os doentes, passando até mesmo a visitar a casa”.

O preconceito pela leucemia atinge todas as idades de diversas formas. Dentro de ônibus, restaurantes e escolas. Luciana conta como teve que enfrentar o preconceito durante sua adolescência “tive que estudar oito anos com professores particulares por não poder ir à escola”. Ela fala que para uma criança ou adolescente, a escola que deveria ser o apoio e a distração, acaba sendo seu tormento. “É mais fácil trocar a criança da escola do que mudar a cabeça de todos ao seu redor”, fala.

Uma das principais consequências do preconceito é o trauma psicológico. Além do tratamento contra a doença, muitas vezes é necessário tratamento psicológico com os pacientes que se sentem excluídos da sociedade.

Ana Luíza, 29, é paciente da Casa Leuceminas há cinco anos “Já tive que sair de dentro de um restaurante para comer no passeio por causa dos olhares das pessoas”, conta.

Por causa dos sintomas do tratamento, como o inchaço, a leucemia muitas vezes é confundida com outras doenças, agravando assim o preconceito.

De acordo com a Constituição, quem pratica preconceito pode sofrer sanções na esfera civil por danos morais e na esfera penal por calúnia, injúria e difamação. “É algo que pode e deve ser combatido”, diz a advogada Graciela Ribeiro.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

A partir de agora tudo poderá mudar

Começou nesta semana, o horário gratuito na TV para a Presidência da República. É a última oportunidade àqueles brasileiros que ainda não conhecem todos os candidatos, ficarem sabendo a respeito dos nove concorrentes e suas propostas.
Até então, apenas três candidatos estavam tendo maior popularidade. São eles: José Serra (PSDB), Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PV). Acredito que o foco mais voltado para esses três possa ter diversas razões. Algumas delas são pelo marca no histórico do papel político brasileiro (caso de Serra), pela convivência próxima com figuras políticas já importantes (como ocorre com Dilma), ou, pela insistência em abordar temas que estão na moda como meio ambiente (caso de Marina Silva).
O fato, é que com as propagandas eleitorais esse quadro forjado, ou não, poderá mudar. A televisão para a sociedade é um dos meios de comunicação que mais influencia na formação e adoção de ideias. Assim, qualquer gafe, gesto ou palavra duvidosa dos atuais “candidatos mais populares”, poderá mudar essa notoriedade.
É a última chance de conhecer os candidatos e suas propostas. Na última terça-feira, em sua festa de aniversário, o candidato do PMDB ao governo de Minas, Hélio Costa declarou “não é na televisão que se faz campanha”. Parcialmente certo, já que, campanha se faz no dia a dia, com atitudes, não palavras. Mas antes de obtermos atitude e resultado é necessário escolhermos, e escolher bem.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Orgulho Nacional

Antes de tudo, quero deixar claro que já tinha planejado de fazer este post semanas antes que o Brasil fosse desclassificado na Copa de 2010.

Há duas semanas, estava no salão enquanto ouvia uma moça comentar que “se o Brasil ganhasse no jogo de amanhã, pintaria as unhas de amarelo e verde em homenagem ao país”, no caso, de quando jogou contra o Chile. No dia posterior, horas antes do jogo começar, fui ao açougue e presenciei uma das cenas mais irritantes das últimas semanas. De minuto em minuto, o açougueiro que me atendia dizia em alta e clara voz “falta 1 hora e 57 minutos... falta 1 hora e 56 minutos...”.

Nesse período de copa, tive colegas me culpando por ser antinacionalista devido minha falta de entusiasmo suficiente para não ter assistido todos os jogos que o Brasil tenha participado no mês passado. Além, da ausência de grande euforia de minha parte, em momentos que o Brasil fazia gols. Em meio a todo esse embaraço pergunto: o brasileiro sabe o real significado de nacionalidade? Este conceito vai muito além do que possamos imaginar, é uma paixão inexistente, infelizmente, da vida do brasileiro.

Morrer em nome da pátria, ter orgulho de falar de qual país se provém ao estar em solo estrangeiro, ou, unir para uma luta contra causas que prejudicam o país poderiam ser citados como ótimos exemplos, pelo menos de início, para servirem de introdução para a palavra nacionalidade. E isso, não é o que eu e você, nascidos e residentes desta “Terra Dourada” temos oportunidade de presenciar no comportamento da sociedade brasileira em nossos dia-a-dia.

Enquanto, por 365 dias em 4 anos, ou seja, 1460 dias, o povo aclama e reclama para melhores condições em praticamente todas as áreas, desde coisas mais básicas como saneamento básico até mais sérias como melhorias na assistência da própria saúde. O país paralisa neste período, por 30 dias Copas Mundiais na breve ilusão de que vive de fato a nacionalidade.

Minha intenção aqui, não é expor em detalhes as calamidades do país. Mas, não posso ficar calada diante a drástica virada de comportamento que o brasileiro adota em épocas de Copas Mundiais. Uma união inexplicável e um sentimento de vitória garantida, que, se acordasse junto com cada cidadão todos os dias, seria a arma certa para as irregularidades presentes em nossa vida cotidiana.

Então, no que se baseia a nacionalidade do país? Ir para o trabalho, no dia em que o Brasil vai entrar campo, já pensando na hora de voltar pra casa? Interromper o ritmo de produção, conseqüentemente, o crescimento do país enquanto portas de bancos e lojas se fecham como deveria ocorrer no dia 7 de setembro para uma passeata nacional? Acho que nem no caso de uma suposta morte de presidente, o país chegaria a tal comportamento.

Talvez tenha sido melhor o Brasil ter sido desclassificado da copa africana, assim, saindo da alienação momentânea de 30 dias, para, mais precocemente, acordar e reformular o conceito do termo nacionalidade.