quarta-feira, 6 de julho de 2011

A cidade de Belo Horizonte tem sido palco para manifestações artísticas com ráízes em diversos países. Sem querer fazer restrições, mas diversas das comunidades africanas (em destaque para os Arturos na resgião de Contagem) instaladas na capital mineira têm ditado cardápios de restaurantes, músicas e estrutura de teatros refletidos em eventos culturais de Belo Horizonte.


Essa matéria foi um trabalho de faculdade (para conferí-la na íntegra clique em http://issuu.com/lince_cpj/docs/jornal_lince_abril_2011) que fiz no último semestre com minha colega de classe Miriam Gonçalves. Gil Amancio é um músico que aprecia a cultura africana e que dedica a maior parte de seu tempo em estudá-la. Sem sua colaboração, essa matéria não faria sentido.

Comunidades africanas mantêm suas tradições
Em Belo Horizonte, descendentes da África preservam sua cultura e fazem da cidade palco de suas manifestações



Pela sua diversificada posteridade, o Brasil é considerado um país de população miscigenada. É campo onde desde sua fundação, comunidades de diversas etnias buscam reafirmar o valor de suas raízes. Dentre esses distintos grupos, podem-se destacar os afro-descendentes, hoje, inseridos cada vez mais nos grandes centros urbanos, ganham espaço numa sociedade que insiste em resistir à cultura que a originou.
Pode-se entender por comunidades africanas os diversos grupos que se manifestam com a simples intenção de reiterar seus costumes, dentro de sua arte, política, música, religião e educação. Dentre essas comunidades, estão os terreiros de candomblé, os grupos de capoeira, o Congado, as escolas de samba e os quilombos. “A comunidade é uma forma que os afro-descendentes têm para conhecer sua história”, diz o mineiro Gil Amancio.
Ele é pesquisador da cultura africana desde quando foi convidado a participar de projetos culturais da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte (PBH). A partir de então, Gil percebeu estreitos laços que o ligavam desde a infância aos costumes africanos — “As cores, roupas, os movimentos corporais e as tonalizações de vozes dos afros tinham extrema semelhança com danças que desde criança minha mãe me ensinava”, lembra.
Gil Amancio também é percussionista, ator, professor de som e imagem do curso de Música no Palácio das Artes e já ganhou os prêmios Tim 2008 de Música e Rival 2008 Petrobrás. Mas hoje, seu foco é na produção musical para apresentações que envolvem novas tecnologias ao narrar mitos africanos — “Quando se pensam na África, logo visualizam primitivos pintados e descalços”.
Belo Horizonte é uma das cidades brasileiras onde diversas comunidades africanas vivem e repassam tradições aos seus descendentes e moradores locais. Gil explica que os africanos são portadores de distinta filosofia e conhecimento daqueles transmitidos e ensinados pelos europeus e norte-americanos. “Por isso, a proximidade que temos dessas comunidades, serve para abrir o leque de soluções aos atuais problemas sociais, políticos e econômicos”, esclarece Amancio.
Na capital mineira há diversos lugares como restaurantes, centros de educação e festivais que abrem espaço para que a cultura africana possa se manifestar. Um exemplo é o Centro Cultural Casa África (CCCA), localizado no bairro Funcionários, próximo a região central de Belo Horizonte. Fundado pelo senegalês Ibrahyma Gaye, o CCCA tem como um de seus principais objetivos propagar maior interação entre os negros do Brasil e da África por meio de palestras, espetáculos, exposições e culinária oferecida no local.

Forte tradição

A cidade de Contagem, localizada na região metropolitana de Belo Horizonte é residência para outro grupo de afro-decendentes, os Arturos. Os integrantes dessa comunidade são descendentes de Arthur Camilo Silvério, filho de escravos e nascido após a Lei do Ventre Livre ter sido promulgada. Essa comunidade é reconhecida pelos fortes costumes que ainda preservam e pela extensa área em que vivem.
Muitos dos desses afro-descendentes ainda sobrevivem pelas próprias atividades agrárias. A comunidade dos Arturos é um dos maiores pontos para o turismo da cidade. Todos os anos os Arturos realizam suas tradicionais festividades como, por exemplo, os Congados, a festa de Nossa Senhora do Rosário e a Folia dos Reis. Os Arturos são a prova de que nem a distância e nem o tempo são obstáculos para desligá-los de sua cultura.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

A cada dia, as mulheres têm ocupado mais lugares nas empresas e conquistados posições de alta chefia. Na sociedade moderna, o preconceito contra a mulher parece ser tema inexistente. Mas se observarmos em nosso dia-a-dia, ainda existem muitas evidências que apontam o contrário. Por exemplo, na pesquisa realizada no último dia 2 de março pela Fundação Seade e pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Diees), elas ainda continuam ganhando menos que os homens.

Maria Judith Souza, 34, é mãe solteira. Há sete anos ela trabalha como cobradora de transporte público em Belo Horizonte, Minas Gerais e se diz inconformada com o que sente na pele todos os dias. Leia abaixo a entrevista que ela me cocedeu em dezembro do ano passado:


Cobradora declara em entrevista que não é bem-aceita em seu trabalho



Sabrina Assumpção


S: Cobradora. De onde você tirou a ideia de exercer esse ofício?
M: Da minha família. Todos em minha casa trabalham com isso, inclusive as mulheres.

S: Você acha que o preconceito contra a mulher ainda existe?
M: Lógico. Sinto isso todos os dias!

S: Você poderia relacionar o preconceito com o trabalho que você exerce?
M: Sou trocadora. Se eu não trabalhasse aqui, provavelmente um homem estaria ocupando o meu lugar. Se não fosse por causa das mulheres, não haveria homem pra trabalhar, não é? Muita gente ainda não entende que mulher pode ocupar qualquer cargo. Eu até quero ser motorista!

S: Motorista? Não acha ser um grande desafio pra quem ainda sofre preconceitos pelo que já faz?
M: Acho que o preconceito sempre existirá. Se eu for parar por causa disso, não vou chegar onde quero.

S: Para terminar, o que você acha o pior disso tudo?
M: As leis. Elas não ajudam em nada a mulher que trabalha. No meu trabalho, eles evitam empregar mulher por causa do período de gravidez. O funcionário parado, não dá lucro pra ninguém, "num" é mesmo?