segunda-feira, 5 de julho de 2010

Orgulho Nacional

Antes de tudo, quero deixar claro que já tinha planejado de fazer este post semanas antes que o Brasil fosse desclassificado na Copa de 2010.

Há duas semanas, estava no salão enquanto ouvia uma moça comentar que “se o Brasil ganhasse no jogo de amanhã, pintaria as unhas de amarelo e verde em homenagem ao país”, no caso, de quando jogou contra o Chile. No dia posterior, horas antes do jogo começar, fui ao açougue e presenciei uma das cenas mais irritantes das últimas semanas. De minuto em minuto, o açougueiro que me atendia dizia em alta e clara voz “falta 1 hora e 57 minutos... falta 1 hora e 56 minutos...”.

Nesse período de copa, tive colegas me culpando por ser antinacionalista devido minha falta de entusiasmo suficiente para não ter assistido todos os jogos que o Brasil tenha participado no mês passado. Além, da ausência de grande euforia de minha parte, em momentos que o Brasil fazia gols. Em meio a todo esse embaraço pergunto: o brasileiro sabe o real significado de nacionalidade? Este conceito vai muito além do que possamos imaginar, é uma paixão inexistente, infelizmente, da vida do brasileiro.

Morrer em nome da pátria, ter orgulho de falar de qual país se provém ao estar em solo estrangeiro, ou, unir para uma luta contra causas que prejudicam o país poderiam ser citados como ótimos exemplos, pelo menos de início, para servirem de introdução para a palavra nacionalidade. E isso, não é o que eu e você, nascidos e residentes desta “Terra Dourada” temos oportunidade de presenciar no comportamento da sociedade brasileira em nossos dia-a-dia.

Enquanto, por 365 dias em 4 anos, ou seja, 1460 dias, o povo aclama e reclama para melhores condições em praticamente todas as áreas, desde coisas mais básicas como saneamento básico até mais sérias como melhorias na assistência da própria saúde. O país paralisa neste período, por 30 dias Copas Mundiais na breve ilusão de que vive de fato a nacionalidade.

Minha intenção aqui, não é expor em detalhes as calamidades do país. Mas, não posso ficar calada diante a drástica virada de comportamento que o brasileiro adota em épocas de Copas Mundiais. Uma união inexplicável e um sentimento de vitória garantida, que, se acordasse junto com cada cidadão todos os dias, seria a arma certa para as irregularidades presentes em nossa vida cotidiana.

Então, no que se baseia a nacionalidade do país? Ir para o trabalho, no dia em que o Brasil vai entrar campo, já pensando na hora de voltar pra casa? Interromper o ritmo de produção, conseqüentemente, o crescimento do país enquanto portas de bancos e lojas se fecham como deveria ocorrer no dia 7 de setembro para uma passeata nacional? Acho que nem no caso de uma suposta morte de presidente, o país chegaria a tal comportamento.

Talvez tenha sido melhor o Brasil ter sido desclassificado da copa africana, assim, saindo da alienação momentânea de 30 dias, para, mais precocemente, acordar e reformular o conceito do termo nacionalidade.