sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Santa Medíocridade

Depois de uma voltinha no BH Shopping, Belo Horizonte, zona sul, sai de lá inconformada. Fiquei impressionada ao reparar quantas pessoas vivem em seu "mundinho" de medíocridade, encubadas em seu próprio ego, vivendo em função de sua própria felicidade, se é que isto pode ser chamado de felicidade. Carrões de luxo desfilando pelas ruas, e senhoritas gastando 2, 3, 4 mil reais em uma peça de roupa enquanto famílias, por dificuldades financeiras sendo desmanchadas do outro lado da cidade. Pais pensando em suicídio por causa de dívidas, meninas se prostituíndo pra fornecer pra cada membro da família, um prato de comida no fim do dia. O desemprego está aí, e muitas vezes as opções de trabalho não são variadas. Mas este não é o foco principal desde texto.

Não vejo problema em você que ganha 50 milhões de reais por mês e que se quiser, queima seu dinheiro. Faça dele o que bem entender. O problema é : onde foi parar o amor ao próximo? Não falo, para você montar um instituto de caridade para mostrar seu bom coração como um Troféu "Alívio de Peso na Consciência". Mas o amor está muitas vezes em pequenos gestos. Um olhar, um cumprimento, parar pra ouvir pessoas que você nunca deu importância, passar a se preocupar com as pessoas ao seu redor ou até mesmo as que nunca viu.

Certo dia, estava conversando com um amigo, que já trabalhou como chofer de um milhonário. Ganhava 900 reias por mês para levar a esposa de seu patrão para fazer compras. As notas de conclusão de compras tinham um valor total de cerca de de 2 mil reais em cada passeio da esposa. O chofer chegou ao patrão pedindo algum aumento em seu salário que desse para fazer. O patrão recusou o pedido. Agora fico me perguntando o quão grande seria para a esposa, o sacrifício de deixar de comprar uma blusinha que fosse de 300 reais em um dia, para dar o aumento equivalente em um mês inteiro de trabalho do chofer. Um trabalhador honesto que pediu um aumento que nada seria pro milhonário patrão, mas que para o humilde trabalhador seria uma grande ajuda em sua casa para sustentar sua esposa e filho.

Depois todos pregam de um mundo melhor, muitas vezes colocando a culpa de tudo em políticos. O erro de não irmos pra frente começa por nós mesmos. Mesmo você, que acha que não tem nada pra dar ao seu próximo, ofereça o que você oferece a si mesmo.

6 comentários:

Luiz Sávio Lara disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Luiz Sávio Lara disse...

Sábias palavras. Muitos creditam a falta de amor a várias razões históricas, políticas ou religiosas (tem diferença?).
Acho que vai além, a origem desse sentimento que cresce com os séculos. É um rancor que me parece vir do próprio fato de viver, e as dificuldades que acompanham. Isso vem sendo alimentado desde as cavernas. Por isso vemos diferenças de generosidade entre as culturas. Tudo depende do histórico de cada uma. Povos que se fizeram em áreas extremas, como desertos e montanhas inpospitas, tendem a ser desconfiados (mineiros). Povos criados em florestas, perto de rios ou do mar tendem a uma maior generosidade.

Mas tudo isso pode se transformar, por que no fim concordamos na mesma conclusão, a de que nada muda de nós não mudarmos primeiro.

Raskólhnikov disse...

é.

Carol Santana disse...

Oi sabrina!

Eu não disse que ia visitar seu blog?

Gostei muito do seu texto. E concordo plenamente qndo você diz que a culpa não é somente dos políticos, mas de todos. Os políticos não são capazes de fazer tanto estrago sozinho. Cada um de nós é responsável por melhorias (ou não) no mundo. Sei que essa frase é jargão, mas com um pequeno ato por vez, muita coisa pode ser feita.

Amei a frase: "Mesmo você, que acha que não tem nada pra dar ao seu próximo, ofereça o que você oferece a si mesmo".

Unknown disse...

Sábias palavras.

Diogo de Oliveira Leão disse...

Sim. O problema é cultural. Cultura do egoísmo. Temos que cultivar uma cultura de generosidade, de solidariedade.